terça-feira, 24 de maio de 2011

Enjoo. Náusea profunda, mas silenciosa, inteira num olhar calmo, pousado em nada, pousado sempre na mesma coisa.
Enjoo. Da paz, do silêncio, do sol. Da beleza e da ordem, que existem, apesar de mim.
Enjoo. Dos passos solitários, um a seguir ao outro, sempre com a mesma cadência, mude o soalho, mude o sítio.
Enjoo. Da respiração, acto contínuo; do ar que entra e sai, entra e sai do corpo e fica tudo igual. E quando às vezes um suspiro, enjoo do suspirar atirado ao ar.
Enjoo. “Está tudo bem?”, “Vai-se andando.” “Benzinho.”, “Pois é, tem de ser.” Vai-se andando. Benzinho. Tem de ser. Brandos costumes. E encolhem-se os ombros. Enjoo.
Enjoo. Da resignação, da conformidade com tudo e com todos, um leve suspiro e um encolher de ombros como manifestações únicas de uma vontade contrária a uma vontade maior.
Enjoo. De todas as vontades serem maiores que a minha. De não haver revolução, cá dentro; nem um levantar último da espada.

Enjoo. De me ter entregue.

Entreguei-me.

2 comentários:

  1. Invictus" by William Ernest Henley


    Out of the night that covers me,
    Black as the Pit from pole to pole,
    I thank whatever gods may be
    For my unconquerable soul.
    In the fell clutch of circumstance
    I have not winced nor cried aloud.
    Under the bludgeonings of chance
    My head is bloody, but unbowed.
    Beyond this place of wrath and tears
    Looms but the Horror of the shade,
    And yet the menace of the years
    Finds, and shall find me, unafraid.
    It matters not how strait the gate,
    How charged with punishments the scroll,
    I am the master of my fate;
    I am the captain of my soul.

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