segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Hoje, dia 21 de Setembro,

Dia Mundial da Pessoa com Doença de Alzheimer, não posso deixar de recordar a minha avó.
Lembro-me de ser pequenina, tão pequenina que talvez ainda nem andasse na escola e de o meu avô se rir com a minha frequente observação: “Mas oh vó, a avó já perguntou isso três vezes!”. A avó era mesmo esquecida, tão esquecida que um dia fomos passear de mão dada em Sintra e a avó não conseguiu fazer o caminho de volta. E aí deixou de ser engraçado e o avô percebeu finalmente que alguma coisa não estava bem.
Perda de memória, confusão, desorientação e problemas de expressão oral… Por tudo isto a minha avó passou, até ficar completamente vazia e imóvel, durante quase dez anos.
Poucas vezes regressava. Era uma dádiva se tal acontecia e quando acontecia, nunca era por mais de breves instantes. Mas lembro-me ainda da avó ter o meu irmão mais novo, - então com dois ou três meses -, nos braços e de a ver chorar, de felicidade. E nesse dia, pude ouvir-lhe: “É tão perfeito.” E depois calou-se, e voltou a deixar-nos.
Durante muitos anos os médicos não souberam o que ela tinha. Pensou-se que seria arteriosclerose e tantas outras coisas. Quando finalmente se descobriu que era a Doença de Alzheimer, de que pouco se falava naquela altura, a única certeza que tivemos, é que nada havia a fazer. Foi um processo irreversível.
Hoje, transcorridos quinze anos desde o dia em que a minha avó partiu deste mundo, há 90 mil portugueses que sofrem de Alzheimer, muita informação, muita investigação, mas muito poucos avanços da Medicina neste campo. Há uns tempos li que se tinha provado a relação entre uma dieta rica em gorduras saturadas e hidratos de carbono e o desenvolvimento da Doença de Alzheimer. Aparentemente a Doença de Alzheimer pode também estar relacionada com o isolamento a que foram sujeitos os indivíduos no curso das suas vidas, assim como com a falta de exercício cerebral – que hipoteticamente levaria a esta forma de demência. A verdade é que, a Doença de Alzheimer, uma vez diagnosticada, continua a ser, ainda hoje, uma sentença de um sofrimento prolongado – para o doente e para os familiares que o rodeiam.

2 comentários:

  1. Estranhamente, só hoje é que li este post, embora já tivesse a maioria dos mais antigos e também os mais novos...mas gostei muito. Acabaram de diagnosticar Alzheimer à minha avó, que sempre resou para que levassem tudo menos a cabeça...

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  2. Querida Rita,

    Que te poderei dizer?! Sinto muito.
    A doença de Alzheimer é lenta. Vamos esperar que no futuro, algum avanço seja feito...

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