terça-feira, 21 de julho de 2009

Viver num condomínio

Viver num condomínio pode ser uma experiência muito boa ou muito má, mas sem dúvida é sempre uma experiência humanamente enriquecedora, uma vez que há que aprender a partilhar um espaço comum com mais famílias, o que pode, por vezes, ser complicado.
No condomínio onde vivo, cerca de cinquenta famílias partilham um espaço comum que inclui piscina, jardins, garagem, elevador e claro, as paredes.
Devo dizer, com total sinceridade, que a boa convivência da vizinhança foi algo que desde logo me surpreendeu. Tendo vivido em localidades como a Rinchoa e o Algueirão, sempre achei que isto ía dar molho, mas afinal não! Aqui, tudo se coaduna para que cinquenta famílias possam ser felizes, podendo desfrutar das vantagens de viver num condomínio, tendo eliminado por completo as desvantagens da partilha de um espaço comum - tudo graças ao respeito que os condóminos mostram uns pelos outros.
Senão vejamos:

Utilização da piscina:
A partilha da piscina pelas criancinhas do condomínio, possibilitou que estas se conhecessem, brincassem e desfrutassem da companhia umas das outras e, ainda mais importante, que coincidissem no horário de utilização da piscina – o que significa que até às seis da tarde a piscina tem, mais ou menos, duas a três criancinhas por metro quadrado, mas que a partir dessa hora, as criancinhas vão para as respectivas casas, deixando a piscina livre para que, adultos como eu, tenham espaço para nadar, sem atropelar ninguém e sem toda aquela “guinchadeira” desagradável pela qual as criancinhas são responsáveis.
Utilização dos espaços verdes:
Os espaços verdes comuns ao condomínio mantém-se como no princípio, ou seja, verdes. Não ficaram amarelos, porque todos os condóminos pagam o condomínio atempadamente (não sei, digo eu!), e como tal a empresa que gere isto continua a cá vir regar a relva, nem castanhos, porque nenhum dos condóminos se lembrou de levar para ali os seus cãezinhos a passear.
Utilização de elevador:
Normalmente, nunca se dá o caso, sempre chato para a vizinhança, de uma pessoa estar a tentar “puxar” o elevador, enquanto ele se encontra parado num determinado andar, porque a vizinha se lembrou de acampar no elevador, de porta aberta. Aqui foi tudo estrategicamente pensado para não molestar os vizinhos que possam, eventualmente, estar à espera: uma pessoa distrai-se dois segundos a sair do elevador e já está a levar com a porta assassina do mesmo em cima (e é bem feito, para aprender a não chatear os vizinhos!).
Limpeza das escadas e garagem:
Aqui não há o caso da limpeza ser repartida pelos condóminos, ficando uns sujeitos à boa-vontade de outros. Há uma empresa paga para a gestão do condomínio e portanto as escadas estão sempre limpas, assim como a garagem.

Ainda como exemplo de boa-vontade e espírito de partilha, devo também realçar que soube há pouco tempo que o baloiço que se encontra no condomínio, foi lá posto por um dos condóminos, à disposição de todas as crianças do condomínio… Aquele baloiço é coisa aí para uns duzentos euros. Da mesma forma que as bóias e os triciclos e bolas das crianças ficam espalhadas pelo condomínio, para que outras crianças possam usufruir destes brinquedos (ou para que eu possa tropeçar neles, como já aconteceu!) Ora… Onde é que eu já vi isto? Pois… Em lado nenhum. Se fosse na Rinchoa ou no Algueirão, ninguém no seu perfeito juízo pagava duzentos euros para um baloiço da comunidade e além disso, o baloiço disponibilizado pela Câmara, já estaria completamente vandalizado, com partes metálicas a servir de armas de arremesso e arpões!

Mas é claro: como não há bela sem senão, nem existe tal coisa como o paraíso na terra, eu tinha de vir morar para este condomínio. E foi aí que a paz dos meus vizinhos acabou.

Ora, logo quando estava a fazer a mudança, decidi estacionar o meu carro num lugar da garagem que não era o meu, mas que ficava mesmo junto ao elevador do meu prédio, pelo que era sem dúvida o mais adequado para eu deixar o carro, apenas por breves instantes; o tempo de retirar as tralhas do carro, pô-las no elevador e deixá-las em casa. Assim foi. Quando chego cá abaixo (uns quatro a cinco minutos depois), tinha um regalo no vidro da frente do carro, dizendo: “Quando quiser, é favor tirar o carro, para que eu possa pôr o meu”. Pensei logo para com os meus botões: “Bolas, que mau feitio!” Mas hoje compreendo o senhor: isto quando se vive em comunidade a disciplina tem de ser muito estrita!
Noutro dia, em que eu tinha decidido convidar uma amiga minha para cá vir passar o serão, decidimos pôr-nos a cantar Enrique Iglesias (sim, Enrique Iglesias, porque não?!) como se o mundo fosse acabar a qualquer instante. Aquilo vinha-nos tão do fundo da alma, que nos abstraímos completamente do mundo em redor e eu até ponho a hipótese de termos deixado passar a meia noite…. Isto porque, no dia seguinte, tinha um papel na caixa do correio a pedir que por favor não fizesse tanto “barulho” (barulho, vejam bem, chamar barulho a duas vozes como a minha e a da minha amiga!) àquelas horas.
Mais recentemente, e devo dizer que sobre isto tenho sentido alguns remorsos (mas não os suficientes para já ter corrigido a minha acção), como não tenho cadeiras suficientes em casa, decidi “tomar emprestado” um dos bancos que se encontrava no condomínio, aquando de um jantar que fiz cá em casa. Até aqui tudo bem! O mal é que desde esse jantar (que deve ter acontecido em meados de Maio), o banco ficou por cá e agora tem uma data de coisas em cima e fica óptimo como mesa de centro.
Pergunto-me: o que é que será que a vizinhança pensa disto?! Bom, isso não sei, porque nunca cheguei a ir a nenhuma das muitas reuniões de condomínio para as quais a minha presença foi solicitada…
Bom, mas parece que vou ter de me sacrificar pela comunidade e devolver o banco quanto antes, para o bem de todos… Comprometo-me até ao fim do dia de hoje (bem, no máximo até ao fim da semana), a colocar o banco lá em baixo, novamente. Tenho dito!

2 comentários:

  1. Não percebo a que te referes...a Rinchoa é o paraíso!!!

    Quanto ao Enrique, é bem fofinho!!! uiui...compreende-se a escolha musical...Não consigo compreender como isso poderá importunar a vizinhança..

    Quanto ao banco...a ideia era compensar a falta de cadeiras e não a falta de um sitio para pousar o cesto com a roupa para passar a ferro!!! xD

    BTW: Estás para aí a dizer q tropeças nos brinquedos dos putos mas já te vi na piscina agarrada à prancha de bodyboard do Mickey Mouse!!!

    *

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  2. Hoje deu-me para isto...ler tudo o que vem à mão!Até a análise do bom funcionamento dos condomínios (temática altamente recomendável para quem,como eu,vive numa barraca dos subúrbios de Lisboa ). Com que então a estimada RITA LEYOFF ficou encantada com o civismo e a
    elegância de trato dos vizinhos!Bom agora seria
    interessante saber a opinião destes acerca da mais recente "aquisição".Ih...ih...ih...

    André´s Father DIXIT.

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