sábado, 11 de julho de 2009

Tudo o que eu te queria dizer (mas nunca há tempo)

Passam-se dias, semanas, meses, anos.
O tempo foge-nos por entre os dedos, como areia seca. O tempo passa, para ti, para mim, para nós. Tu aí e eu aqui. Sete dias da semana, em que apenas te encontro de fugida por um período escasso de um dia e meio. Um dia e meio ao qual subtraímos o tempo do jantar com os meus pais, o almoço com os teus pais, a ida a casa do avô paterno, o lanche com a avó materna, as três horas de aulas de inglês, visitar a vizinha de baixo que esteve quase à morte no hospital mas graças a Deus voltou, ouvir o resumo da semana dos noticiários dos quatro canais (pela boca do teu pai e depois do meu) e ainda estar com os amigos, os mais próximos e aqueles que já não víamos há anos, que já se sabe que a amizade é a melhor coisa do mundo e há que cultivar esse valor (sempre que possível!).
Nisto tudo, se chegamos a estar efectivamente sozinhos um com o outro e um para o outro durante dez minutos do dia e meio da semana que nos seria supostamente reservado, é uma sorte!
Mas foi sempre assim: primeiro eu tinha de estudar, depois eu tinha de trabalhar (na Telepizza do Feira Nova, enquanto tu te sentavas com os livros abertos numa mesa em frente ao vidro, através do qual me podias observar) para arranjar uns trocos, a seguir eu tinha de ajudar os pobrezinhos ao domingo porque eles também merecem, depois foi o projecto de fim de curso e três dias depois de o acabar fui para França durante seis meses, depois eu vim de França e na semana a seguir fui para Espanha, depois fui para Sines e a seguir para Santiago… Chegaram as férias, mas o tempo estava óptimo para a praia e a minha casa encheu-se de gente. As minhas férias acabaram, mas tu continuaste cá, porque as tuas ainda continuavam, mas eu tinha de entregar o relatório, e por isso fiquei na empresa até às 23h00, noutro dia foi a reunião até às 20h00, e mais outro relatório e a seguir preparar os test-runs na fábrica… E as tuas férias acabaram.
Fiquei outra vez sozinha. E tu sozinho. Eu aqui. E tu aí.
Agora eu vim para casa e estou de lay-off; o projecto onde eu estava a trabalhar, parou. As aulas de inglês, acabaram. Os cursos de Verão que eu poderia fazer neste tempo, ou já começaram ou estão a acabar. Os amigos estão a trabalhar, os avós estão de férias, os pais estão ocupados. Tenho a vida em stand-by e pela primeira vez tenho tempo. Mas por ironia do destino, agora estás tu ocupado, a estudar, a acabar o curso…
(Facto curioso: enquanto te escrevo este texto, telefonas-me e despacho-te a 200 à hora porque estou a escrever um texto!)
E assim se passaram quase sete anos. Durante esse tempo, eu vivi a minha vida e tu a tua. É certo que fomos sendo espectadores da vida um do outro (eu da tua e tu da minha), mas não sei se alguma vez tivemos tempo de viver a nossa vida.
E ao fim deste tempo, não estou segura de te ter dito tudo o que te queria dizer, porque nunca há tempo…
De qualquer das formas, e como nunca temos tempo, deixo-te aqui uma pequena nota, para que não te esqueças dessa conversa que um dia haveremos de ter: Amo-te.
(Ao que parece, este blog é apenas frequentado por ti e por mim, por isso não te iludas, pensando que este texto é uma grande dedicatória em público, em frente a milhões de leitores atentos, porque na realidade estamos aqui sozinhos! Queres uma prova: Hey, malta, quero ouvir essas palmas… Vamos lá, bracinhos no ar! Ouviste ou reparaste nalguma coisa? Vês, eu bem te disse: estamos sozinhos!)

3 comentários:

  1. Love of my life, e são sempre os melhores 10 minutos da minha semana (dd que não haja bandas de cera ao barulho!!! xD).
    Btw, continuas a ser a minha escritora preferida!!! ;)
    Tb te Amo!!! ***

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  2. OOOOOOOH, tenho uma lágrima no canto do olho! :D

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  3. Acho q tou a ficar lamechas. Será da idade? Tb fiquei com uma lagrimita no cantito do olhito.

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